Educação Integral em debate: caminhos e desafios para a ampliação do tempo escolar
- carolinereis208
- há 5 horas
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A expansão da educação integral nas redes públicas de ensino tem ganhado centralidade nas políticas educacionais brasileiras, especialmente após a promulgação da Emenda Constitucional 135/2024. A proposta visa garantir que os estudantes permaneçam por mais tempo na escola, com acesso a experiências formativas ampliadas, que envolvam não apenas os conteúdos curriculares, mas também aspectos culturais, esportivos, emocionais e sociais. No 20º Fórum Nacional da Undime, realizado em julho de 2025, o tema foi amplamente debatido entre dirigentes municipais, especialistas e representantes do Ministério da Educação. O painel trouxe à tona tanto os avanços já observados quanto os inúmeros desafios para efetivar a educação integral como política pública estruturante e viável em todo o país.
Entre os principais argumentos favoráveis à adoção da educação integral está a possibilidade de oferecer uma formação mais completa e significativa aos estudantes, valorizando a interdisciplinaridade e o desenvolvimento integral. A ampliação da jornada escolar também pode reduzir desigualdades educacionais, especialmente entre crianças em situação de vulnerabilidade social, promovendo equidade no acesso a oportunidades de aprendizagem. Além disso, a educação integral fortalece os vínculos entre escola e comunidade, por meio de parcerias com instituições culturais, esportivas e de assistência social, ampliando o alcance e a relevância da escola no território em que está inserida.
Por outro lado, há desafios significativos que precisam ser considerados. A ampliação da carga horária implica demandas estruturais complexas, como espaços físicos adequados, alimentação escolar ampliada e transporte escolar eficiente — pontos que ainda não foram plenamente equacionados em muitas redes municipais. Soma-se a isso a necessidade de reorganizar o trabalho docente, garantindo formação continuada específica, valorização profissional e redefinição dos tempos pedagógicos. Além disso, há riscos de que a expansão da jornada, sem mudanças na abordagem metodológica, resulte apenas em mais do mesmo, sem efetiva melhoria da qualidade educacional.

Equilibrando os dois lados da questão, é preciso reconhecer que a educação integral, embora seja um caminho promissor para enfrentar desigualdades e promover aprendizagem significativa, exige um planejamento cuidadoso e investimentos consistentes. A simples ampliação do tempo de permanência na escola não garante, por si só, avanços na aprendizagem, sendo necessário repensar o currículo, as metodologias e o papel da escola na formação cidadã. As experiências bem-sucedidas destacadas no Fórum da Undime mostram que, quando bem implementada, a educação integral pode transformar realidades. No entanto, é preciso atenção para que essa política não se torne apenas um dispositivo legal, desvinculado das condições concretas das redes de ensino.
A adoção da educação integral como política pública estruturante levanta, portanto, uma reflexão importante para todos os envolvidos na construção de uma escola pública de qualidade. Como garantir que essa ampliação represente de fato um avanço para os estudantes e não um peso para as redes de ensino já sobrecarregadas? Estaríamos preparados para transformar o tempo em qualidade educativa? A resposta a essas perguntas exige escuta, diálogo intersetorial e protagonismo das comunidades escolares. Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é apenas o tempo que o estudante passa na escola, mas o que ele vivencia, aprende e constrói nesse tempo – e isso exige planejamento, compromisso e intencionalidade pedagógica.

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