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“Tô com fome, professora.”

  • carolinereis208
  • há 6 minutos
  • 2 min de leitura

Foi numa manhã comum de aula que ouvi uma frase que nunca mais saiu da minha cabeça:


“Tô com fome, professora.” 


Aquela vozinha doce, dita com simplicidade e sem drama, me atravessou por dentro. Naquele instante, todo o planejamento da aula perdeu sentido. Os objetivos, as habilidades, os conteúdos — nada disso parecia caber diante da urgência daquele pedido tão humano.


A fome tem muitas formas. Às vezes é fome de comida. Outras vezes é fome de afeto, de atenção, de pertencimento. E, no fundo, é disso que as crianças mais precisam: de alguém que as olhe verdadeiramente.


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Como educadores, somos chamados todos os dias a ir além daquilo que está no quadro. Nosso papel não é apenas ensinar, mas também cuidar, acolher e reconhecer o outro em sua inteireza. Educar é um ato de amor e presença. É estar disponível para enxergar o que não está escrito na lousa, mas que grita dentro das salas de aula — nas expressões, nos silêncios e nas entrelinhas.


Hoje, quando volto a pensar naquela menina, lembro que ela me ensinou mais do que qualquer livro poderia ensinar. Ela me lembrou que a escola é, antes de tudo, um lugar de humanidade — onde a fome de aprender só pode existir depois que outras fomes são saciadas.


E é por isso que sigo acreditando que cada gesto nosso importa: um lanche dividido, um abraço, uma escuta atenta, um olhar que diz “você é importante”. Porque educar é isso: ser presença que alimenta — de conhecimento, de cuidado e de esperança.


Cada educador carrega em si a possibilidade de fazer diferença na vida de alguém, não apenas pelo conteúdo que ensina, mas pela forma como acolhe, escuta e acredita. Que a gente nunca se esqueça: ser professor é estar na linha de frente da esperança, nutrindo mentes e corações todos os dias.


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